Sinto uma força dentro de mim
que, involuntariamente,
me leva a voar nas asas da memória
num doce bailado pelo passado,
ao encontro dos momentos
das minhas ilusões
tantas vezes feitas emoções
que se fizeram ausentes
pela corrida implacável do tempo!
Deixo-me voar, solto, livre, feliz
pelos céus dos meus sentimentos,
faço longas distâncias
sobre o mar, vales e montanhas,
mergulho em voo picado
até onde me permite a queda livre
da minha memória!
Cansado, mas realizado
com a emoção a vibrar dentro do meu peito,
volto serenamente a mim,
num cerimonial silencioso, guardo as asas,
no baú das minhas recordações,
para poder, se possível, voltar a utilizá-las
nos meus futuros voos.
José Carlos Moutinho
Decreto-Lei, nº 63/85
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