PASSIONAL - Notas d'um bilhete suicida - Parte 13
Afonso chegou no final da tarde à casa da mãe de Tereza com as meninas. Era domingo e passaram o dia no Ibirapuera. Elas estava muito alegres com o passeio e tagarelavam sem parar sobre tudo que viram. Sem pressa, Afonso demorava-se assistindo a festa das duas. Após alguns minutos admirando-se com os relatos, a mãe de Tereza as chamou para o banho. Tereza e Afonso ficaram sozinhos na sala e começaram a conversar sobre as meninas. Tereza então o abordou -- "A igreja me chamou para trabalhar como membro da equipe logística que dará suporte aos missionários em Kajo Keji, Afonso, no Sudão do Sul. -- Afonso não esperava por aquilo -- "Como?! E as meninas?..." -- Tereza respondeu -- "Será por doze meses, durante os protocolos oficiais de implantação da missão. Não vou como voluntária ou missionária. É profissional." Irônico, Afonso atalhou -- "Profissional?! Sei..." -- e continuou -- "Eu não acredito que uma mãe possa deixar as filhas para acompanhar a namorada pelo mundo!" -- Tereza, indignada, o interrompeu -- "Eu não as estou abandonando. Isso é trabalho! Elas vão ficar com minha mãe e espero que continues vindo vê-las normalmente. Em doze meses, volto e fica tudo como está." -- Afonso não se conformava -- "Eu posso requerer a guarda d'elas..." -- Tereza nem o deixou terminar -- "Como? Se estás fichado por crime sexual? Na actual conjuntura, eu é que poderia requerer uma medida protectiva!" -- Afonso redarguiu -- "Isso é golpe baixo, Tereza!" -- mas ela não se intimidou -- "Golpe baixo é dizer que uma mãe não pode aceitar uma proposta de emprego vantajosa por causa dos filhos... Ou preferes que elas venham comigo? Parte da missão ficará baseada em Uganda que, proporcionalmente, é um lugar mais seguro que o Brasil." -- Afonso percebera-se de pés e mãos atados -- "Não! Isso não. Olha, Tereza, pensa melhor... Isso é uma loucura. Essa mulher, mais cedo ou mais tarde, vai se reconciliar com o marido e te tirar da vida d'ela. Eles têm um império juntos! Achas que ela vai abrir mão de tudo por tua causa? Jamais! -- Tereza, então, a defendeu -- "Não devias falar tanto d'alguém que conheces tão pouco... Júlia é problema meu! Se estamos juntas ou não, isso não é da conta de ninguém" -- refletindo, mudou de tom -- "Se tiver de ser abandonada, que seja lutando pelo amor d'ela, não desistindo de tentar por não ser conveniente para ti. -- e concluiu -- Afonso, isso era tudo que eu tinha a dizer. Obrigada por se preocupar comigo."
Afonso ficou atordoado. Jamais poderia esperar por algo como aquilo. Ao contrário, tinha esperança de que Tereza e Júlia rompessem em breve e sua ex-mulher lhe desse outra chance... As meninas voltaram do banho e foram abraça-lo. A mãe de Tereza, que gostava de vê-lo com as netas, pediu-lhe que tomasse um café enquanto as meninas lanchavam. Afonso agradeceu, mas aproveitou para despedir-se e sair.
Já na rua, Afonso procurava alinhar os pensamentos: "Talvez não fosse tão ruim... Não poderia ficar com as meninas, de qualquer modo. Minha vida era muito mais desconfortável no estúdio; não havia condições de criar as meninas lá. Por outro lado, tal como Tereza, também eu adiei por anos o momento de levar mais a sério minha carreira. As meninas estão bem onde estão. O caso de Tereza com Júlia lhe serviu de catapulta para se lançar d'aquele mundinho do casamento. Ela estava mais feliz e mesmo eu, apesar dos pesares, também estava. Além do quê, tudo podia mudar n'esse meio tempo... Júlia terá de escolher e, quando acontecer, não quero ser inimigo de Tereza por ter sido um obstáculo sua na vida. Melhor deixar como está!". Afonso seguiu até o carro, estacionado na travessa, e foi encarrar a marginal Tietê...
Júlia ligava, pouco mais tarde, perguntando como havia sido com Afonso. Tereza lhe disse que tudo bem, isto é, fora firme e ele teve de se resignar. As duas marcaram de ver no apartamento d'ela mais tarde. Tereza foi ficar com as meninas.
Tereza chegou já eram 22hs... O apartamento ficava na Vila Mariana, uns vinte minutos da casa de sua mãe. Esperara as meninas e mãe dormirem, mas avisara que sairia. Júlia estava linda, vestindo apenas um quimono rosa de seda e muito, muito perfumada...
Mal abriu a porta, Júlia já puxou Tereza para dentro e começou a beijá-la. Desajeitadamente, fecharam a porta e se arrastaram junto à parede do corredor, abraçadas, até alcançarem o estar. Tereza deixou sua bolsa cair sobre o carpete com as chaves do carro e o celular enquanto sofria o ataque de Júlia. Quando finalmente se viu com as mãos livres, estreitou o rosto de Júlia entre as palmas e pôs-se a beijá-la com mais delicadeza, como se tentasse dominar a situação. Logo, contudo, começou a sentir a mão de Júlia se lhe enfiar pela saia até alcançar seu púbis. Ali, ávidamente, começou a dedilhá-la enquanto a beijava. Tereza se sentia amolecer, lânguida, àquele toque ao mesmo tempo forte e ritmado por cima da calcinha de renda azul marinho que usava. Perdera o controle da situação de novo, entre à fome de Júlia em comê-la. Esta não se continha em sua sincronia de beijos e toques, misturando seu forte perfume à excitação de Tereza que se desmanchava em seguidos orgasmos. As pernas começaram a lhe faltar, tal o frêmito d'aquelas carícias, deixando-se escorregar as costas pela parede até ficar de cócoras, com Júlia agachando-se sem se parar de beijá-la. Por fim, Tereza não aguentava mais e pediu a Júlia que parassem um pouco. Ela se recompôs, levando-se enquanto Júlia, ainda agachada, lhe tirava a calcinha toda melecada. Ao ver o estilo da peça -- pequena e delicada, com rendas e um lacinho de cetim -- não pôde deixar de gracejar com Tereza -- "Esta agora é minha!" -- e, vestindo por sob o quimono a calcinha húmida, Júlia gracejava. Ao que Tereza explodiu -- "Rapariga! Quem vai melecar essa calcinha agora és tu!" -- e, inclinando-se sobre ela, deitou-a sobre o carpete e começou sugar seus seios que irrompiam das frestas da roupa. Acto contínuo, Tereza a enlaçou pela nuca com uma mão enquanto a outra lhe descobria o sexo pela abertura do quimono e lhe tocava também por cima da calcinha rendada, tal como Júlia havia feito. Ao contrário de Tereza, Júlia não gozava rápido nem seguidas vezes. Mas, quando atingia seu clímax, virava os olhos pelas órbitas n'um transe intenso e devastador. Era isso que Tereza buscava, dedilhando cada vez mais rápido seu clítoris com o polegar enquanto penetrava sua vagina com os dedos em concha. Júlia enrubescia todo o corpo e tinha espasmos, sendo cruelmente castigada por Tereza que, fora de si, dizia coisas desconexas -- "Mela minha calcinha, rapariga! Mexe com quem 'stá quieto, mexe! Na hora de me virares o olhinho não, tu não reclamaste... Mela! Enxarca minha calcinha. Sim, é minha calcinha. Tu agora tens meu cheiro e eu tenho o teu... Eu sou tua e tu és minha!..." -- De repente, Júlia projeta-se para frente e, completamente descontrolada, despeja um jato forte e quente de urina misturada ao gozo sobre Tereza que, sem se tocar, chega ao seu terceiro orgasmo, caindo, desfalecida e molhada, sobre o carpete.
Aos poucos, se recompondo, Tereza se lastima com Júlia -- "Nossa! Que bagunça aprontamos, querida..." -- Júlia não conseguia se mexer. Apenas balbuciava qualquer coisa à guisa de concordância. Tereza se levantou e fez menção de pegar algo para passar no chão. Júlia a demoveu -- "Não, querida, agora não. Vem cá..." -- e, tomando-a pela mão, levou-a até seu quarto onde, pegando um lenço branco com um jota cursivo bordado em rosa, tirou a calcinha de Tereza, a dobrou com o lenço e lhe devolveu dizendo -- "Meu amor, quero me leves contigo aonde quer que vás." -- Tereza se entristeceu -- "Isso é uma despedida?" -- e Júlia -- "Não, meu amor. É uma recordação! Quando não estiver contigo ou por algum motivo duvidares do meu amor, quero que pegues esse lenço e, tocando essa calcinha, te recordes do prazer que me fizeste sentir. Tereza, eu te juro, jamais senti algo tão devastador em minha vida!"
Tereza, sorrindo, pegou aquele lenço e se despiu para amar Júlia em sua cama.
... e continua ...
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.