O escuro é agora o lugar onde me escondo, as sombras são a companhia que me abraça e o silêncio o ombro amigo que me ampara. Não voo já no espaço aberto da Noite, não conduzo na ponta dos dedos os sonhos, não ilumino os céus porque meu olhar perdeu o brilho. Hoje a noite é apenas um espaço entre dois dias.
A ausência de palavras deixa muda a voz que não se propaga, a racionalidade invade o corpo, aprisionando a alma em seu interior, hoje perdi a liberdade de voar, deixei as convicções caírem e os sonhos dormiram e não mais despertaram. Pergunto-me onde estão os sentires, a essência do amor, a paixão dos instantes em que nos oferecemos. Pergunto-me como podemos perder-nos e não mais nos encontrarmos.
Não sei onde estou, perdi a noção de lugar, de tempo, deixei o vazio vestir o meu corpo, deixei a solidão tomar de assalto a minha alma mergulhando o espírito nas águas gélidas do oceano profundo. Hoje sinto-me só.