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Silêncios

 
Andamos todos calados
a urdir os gritos sós
que a língua esconde
da solidão vizinha,
seja qual for a voz que nos chame...

As almas vagueiam nuas
pelo encesto dos sentidos,
no chão que pisamos sem ver
as flores nascem estios e crescem
marialvas da lua e da fantasia.
... quando a bruma passa
e a realidade reluz na menina dos olhos,
os corpos arqueiam pelo chão
e o que fica são cinzas de mortos inquietos.

Arrastados no naufrágio da idade malvada
as sombras pensam as suas próprias ânsias.
Não sabem se a dor do silêncio é verdadeira,
porém, padecem...
 
Autor
José António Antunes
 
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Enviado por Tópico
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Publicado: 20/08/2008 10:40  Atualizado: 05/02/2010 20:30
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