Faço dos versos meu sonhar,
Esses sonhos de criança
Que se vão, sempre em vão
Como barquinhos na enxurrada
A cada dia ao despertar
Versos faço. Faço versos.
Abro a alma. Solto o riso e o pranto.
Talvez assim esses sentimentos
Que ora me animam e desinquietam
Se espalhem por ai,
Num leve passar do vento
E encontrem numa flor,
Num tŕôpego bêbado
Estirado ao chão
Mais que um alento.
Uma reflexão.
Afogo-me em versos.
Versos de amor, de dor,
Versos de interrogação.
Por que todo grande amor
Tem que passar pelo crivo da dor?
Ja não.ouço aquela nossa música
Porque me faz triste e chorar.
Triste pela saudade
E por sentir que a morte
Já está a me rondar.
Escrevo versos. Versos escrevo
E em cada verso que escrevo
Te vejo e te beijo.
Mais que o roçar de duas bocas
Mas o selar de um amor
Que teve princípio e jamais
Terá fim.
Até o dia em que a morte
Se apoderar de mim.
E já do lado de lá,
Cantarei versos
E os enviarei a ti
Em cada tarde de sol
E infinitos raios de luar.
Vera Salviano