Partir,
antes de tudo,
é sair de si,
- não importa
se desbravas mares,
se atravessas perdido
as ruas desertas
ou se caminhas
por estradas com fim,
Partir,
acima de tudo,
é estar fora de si,
- pouco importa
se devaneias no horto,
se te deixas levar
em divagações no porto
ou se te lanças a viver
uma aventura sem fim...
Partir é...
também (re)encontrar-se
na baía ancorar-se
como um barco solto,
sem cordas, amarras,
dançando o balé
das águas no cais,
ao entardecer,
rodeado de gaivotas
Partir é...
perder-se
para enfim
achar-se
e novamente
perder-se
para poder partir...
AjAraújo, escrito em 28-nov-15, revisitado em 1-dez-18.
* Tributo a Dom Hélder Câmara, inspirador de meus primeiros passos na literatura com “O deserto é fértil” e “Luzes na cidade”.