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"MILA 18"

 
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"MILA 18"

Nas ruas pauta o silêncio
Só quebrado pela cadência
Das botas dos assassinos
De mulheres e de meninos.

Nos túneis um outro silêncio
Sem quebras e sem quartel
Este é o mundo alternativo
Da promessa do leite e mel.

Encima, botas, escutas e cães
Em baixo, os filhos e as mães
Em Mila 18, os olhos e a voz.

Por cima do muro, algo atirado
Cai surdo no gueto despovoado
Veloz, passa o vulto imaginado.



(Por Ana C./ SOB_VERSIVA)



*NOTA: Contexto baseado no relato verídico da construção do Gueto de Varsóvia, durante a ocupação nazi na Polónia, onde foram reunidos todos os judeus dentro do tristemente famoso gueto, circundado por um enorme muro propositadamente construído para albergar e separar os judeus (e não só) do resto da cidade, e a partir do qual foi construída uma linha ferroviária directa, que saía de dentro do próprio gueto em direcção aos campos de extermínio.
Mila (a rua), 18, (o número da casa), era o ponto de encontro, o quartel-general, dos que conseguiram sobreviver durante algum tempo, deixando desertas as casas e as ruas, e vivendo em túneis escavados no próprio solo.
Esta vivência histórica está magistral e impressionantemente retratada no livro “ Mila 18”, de Leon Uris.




Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.
*Mário Quintana*

 
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SOB_VERSIVA
 
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