Início do fim.
O ruído d’água do chuveiro
abafou o choro ao aspergir com fúria.
Logo o vapor embaçou
o quadrilátero azulejado
turvando o testemunho.
Só o poeta em sua alucinação,
foi, e viu;
quando o silêncio quis chorar
aquele grito não dado.
Na borda côncava da louça,
o aço brilhava desembainhado
sobre a carta manchada de rubro
selando o impávido ato.
Quem;
agonizava sem arrependimentos,
graças aos barbitúricos ingeridos.
O corpo jazia entregue
numa nudez pálida, inerte,
e um sorriso macabro.
Os braços, abertos,
como se esperando o último abraço.
Neles, pulsos já sem pulso;
e deles, tênues filetes coagulados.
Restos irrecuperáveis de vida.
sem poesia.
Somente um quadro triste
pincelado de morte prematura,
havia...
Na tela; imagem na cor de porcelana;
morta, submersa na seiva aquosa
a esvair-se definitivamente
no destampar do ralo.
Árido fim.