Me é impossível
Apenas ser feliz.
Quem diz o contrário
É deveras louco.
Rouco, praguejo
Contra a vida.
Contida na praga
Está meu desabafo.
Um maço de cigarros
E tudo há de melhorar;
Ou piorar, se é
Isto que a sorte me guarda.
Leio para passar o
Tempo inútil.
Fútil passatempo
Seria me divertir.
Sorrir demais me
Cansaria a face.
Desenlace de uma
Vida sem propósito.
Não me apego a isto,
Pois não vejo sentido.
Polido é o humano
Em sua hipocrisia.
Então apenas sou
E vou para onde quero.
Nada espero da vida,
Pois nada recebo.
Percebo a futilidade
E me afasto do fútil.
Inútil correria
Da vida cotidiana.
Trabalho mais
Para passar o tempo.
O vento me sopra
Para a multidão.
A razão das coisas
É não ter razão.
Ter saudade
Das coisas antigas;
De toda a sorte
De gente e dos lugares.
O mundo do passado
Me é tão elegante.
Sinto-me ofegante
E suprimido no moderno.
Cultivo hábitos
De outras épocas.
Sou um jovem rapaz,
Mas com alma velha.
Meu descanso
É nas horas solitárias.
Lendo, escrevendo
Ou tocando violão.
Se o mundo grita agitação,
Me calo em quietude.
Me é impossível ser feliz,
Pois estou fora de moda.
Minha roda de amigos,
Tem apenas minha presença.
Defeito de nascença
É a alma antiga.
Dizem-me louco,
Pois não sou como eles.
Me é impossível ser vazio,
Por que sou cheio.
Minha solidão é aflição
E cura ao mesmo tempo.
Lamento o tempo
Gasto com besteiras.
Asneiras guiam
A vida das massas.
Em minha alma
Nordeste, habita
Tal hábito agreste
Que o frio do moderno
Jamais corromperá!