Visão
Hoje tão longe entremeio a essa multidão
E de repente tenho um triste sentimento
Fechando os olhos posso ver o meu rincão
Relembro tudo na visão do pensamento
Vejo mamãe buscar água lá da mina
Levando um balde e o maninho no colo
E do riozinho que nasce ao pé da colina
Posso escutar as batidas de um monjolo
Vejo meu pai fumar um cigarro de palha
Sentado ao banco lá na sombra da tapera
Vejo o piquete de grama que se orvalha
Pelo sereno das manhãs da primavera
Em noites calmas vejo a lua cor de prata
Por trás da mata clareando a imensidão
É uma lembrança que quase me mata
E faz pulsar forte o meu pobre coração
É uma paisagem do meu tempo de criança
É uma lembrança que jamais eu esqueci
De um momento que tudo era esperança
É um pedacinho do rincão onde eu cresci.
jmd/Maringá, 21.11.18
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