Nada se compara à dura inclemência de um degrau de cimento ao sol, defronte à mesquinhez de uma casa de pobre.
Sentada nesse degrau, a mulher carente, quase nada tem. O marido trabalha em outro estado, e só virá para o ano. Bem podia ser esse degrau o tampo de uma sepultura — diferença não faria, pois no degrau morrem as esperanças...
Carência de sorte, de alimentos, de roupas, e pior — de esperanças... Mas daquela "coisa mágica" de perverter e subjugar as ideias não há falta não — de smartphone na mão rude, a mulher olha horizonte, e sonha, e espera... já lá se vão 3 meses, sem sexo.
Pelo smartphone, vem a promessa de mudanças, é uma promessa diferente, renega tradições antigas... é a captura fácil do voto!
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[Desterro, 02 de novembro de 2018 - 12h25]