É um ser fora do estar,
que é em todo o lado,
que o que sou não pode ficar.
Se, com tanto de lugar,
que ficou lá no passado,
é um ser fora do estar.
Mas creiam-me que ao estar, sou,
de corpo e de vontade
em cada tempo que estou.
E em cada permaneço,
em que o estar não existe,
há um ser que só eu conheço.
Por isso digo que o que é
nunca será
o que está.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.