E pela janela do meu quarto eu vejo a lua
Durmo no aconchego de sua ternura
Toda a dor do dia se vai, encontro minha paz
E pela janela antiga eu observo minha amiga,
Aquela que tanto citei em minhas tentativas poéticas
Escrevo agora admirando-a, e imaginando
E, em devaneios noturnos eu me pego sonhando
Um sonho bom, caloroso, que faz bem ao meu coração
Escrevo não só para ela, escrevo para remediar as dores
Dores de uma antiga donzela, de uma amizade outrora bela
Dores de um romance desfeito, de uma traição do peito
Escrevo para sarar, para me recuperar, me alegrar.
Momentos que outrora me deixavam sereno,
Hoje se revoltaram, se tornaram um tormento
E, como passatempo, eu caminho no relento,
Procurando, buscando um sorriso meigo.
Não sei dizer o que sinto quando me encontro despedindo
De sentimentos que não foram ouvidos,
E que foram grosseiramente omitidos
Não sei o que pensar quando estou sozinho,
Sendo assombrado pelos meus medos reprimidos
E também desconheço o que é ser verdadeiramente amado
Eu gostaria de experimentar, degustar de um sentimento tão bem falado
Faço então uma tentativa escrita, um texto fraco.
Sentado em uma escadaria de várias pedras, eu penso
Estou sozinho, refletindo sentimentos
Lento, talvez seja a melhor definição para o momento
Eu penso, logo existo, em um tempo que me sinto um inquilino
Sem moradia, sem uma casinha só minha, sem nada
Reflito sim, pois o que me resta é pensar no meu fim
Estarei lamentando os arrependimentos?
Estarei sozinho? Sem uma família ou amigos?
Se eu de fato existo, logo, posso tentar pensar
Se posso pensar, por que então não posso tentar amar?
Mas amar quem? Quem me deseja ao seu lado?
Estou enlouquecendo com pensamentos insaciáveis
Eu quero amar, assim como o meu avô amou sua esposa
Eu quero acreditar, que a solidão, com a minha vontade, irá passar
Então escrevo, na escuridão das ruas do meu peito
Medo? Sempre, afinal já escrevi inspirando-me nele
Talvez a palavra que está faltando em mim é serenidade
Talvez a coloque daqui a alguns poucos meses
Escrevo junto a minha necessidade e amizade perante a caneta
Escrevo, sem dia ou hora, a minha já exposta incerteza.