No desfiladeiro, uma queda livre
Já não sou o que olha para trás
No horizonte eu me perdi outrora
E perdido para sempre eu estou.
Onde tudo parece estar acabado
No distante vislumbre deste teu olhar,
O que há é somente o vazio
E nada de sentimento é encontrado.
No desfiladeiro, uma esperança
De uma vida escorrida pelo tempo
Nas areias que formam uma duna,
A ampulheta mostra o tempo que passou.
Onde a dor se apresenta mais intensa
Há um grito que já em si basta,
E eu escorro pelo vale bem abaixo
Onde quero encontrar o que pode ser o bálsamo.
No desfiladeiro, o sonho imaginado na solidão
Como uma curiosa águia
A voar os céus límpidos
E vê-la plaina,
Como se estivesse à espreita.
Onde a quimera, aquela trágica
Que transforma a minha alegria
Que era tudo em nada,
E deixa-me na beira do precipício.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense