Luz que me afaga e me desenha sozinho. Lago de pensamentos em que caminho acompanhado de janelas que migram por estações de verão, acompanhado de pés, pensamentos e palavras que carregam vidas e horários. Procurando destino, rejeitando fado e chegando a lado nenhum. O meu reflexo condena-me desejando boa viagem e eu olho-o sabendo que não tenho viagem nenhuma. As luzes levam-me criam um caminho e limpam-me as lágrimas, finalmente enterram-me com as suas mãos sujas de raciocínio e cansaço, encostam-me a cabeça ao colo da terra e eu grito sabendo que vão partir, sabendo que o tempo não as trará de volta, rejeitando o meu apego, partem e porquê? Quem sou sem essa luz, sem o calor, sem as tuas mãos, sem os contornos da minha sombra, sem os teus ombros, sem a tua água e a tua eternidade. Luz que me afaga e me deixa sozinho.