O crescendo do nada, consigo ouvi-lo, o silêncio de ruas vazias e candeeiros por ligar, acordo dum sono antigo sem vontade de chegar. A pequena contradição de sentimentos e uma voz que reconheço, deixo-me sozinho a pensar nas sandálias que me recuso a tocar, o sonho continua seco, ferve-me os olhos, tenho medo que sejam terra. Terra que nunca foi minha, sono que nunca foi meu nada é meu, nem os teus dedos nem os teus pés, nem a tua alma, alma essa que canta a pátria dum país que nunca foi meu. Afogo-me numa felicidade fácil de cantos e ruelas das minhas fracas ramelas e do cheiro a árvores cortadas. Sinto o fundo dessa cidade preso na minha garganta, esforço-me para não chorar, porque sou fraco e tenho medo de chegar e tenho razão.