Poemas : 

O sol queima ou sou eu que estou queimado

 
 
O sol queima ou sou eu que estou queimado
estava a sorrir à bocado
E agora não estou vivo
pensamento não é conciso
é confuso obtuso
e a mente perdeu o uso
e está tudo tão pesado
já não sei ao que me agarro
preciso de mais um cigarro.
Acende e apaga
A mente trava
A cinza que me agarra
Chego ao fim da rua
Vejo-te nua no teu fato preto
E tenho medo da tua mente crua
A lua debaixo dos teus olhos
Choraste a noite toda não te julgo
Porque também me culpo
Quando te conheci sete passos e um abraço
Foi quando senti os teus ombros fracos
Olhos amarrados aos cacos e seguras os pedaços
E os teus braços tremem, porque choraste quando cheiraste sémen
Ele afastou-se com os olhos presos no poço fosse quem fosse
Tinhas o desgosto marcado no pescoço
De olhos negros acordo no mercado
Mais um dia perdido nas horas
Olhos para o relógio “só mais um bocado”
Descuidado atendo um cliente
Minto
não atendo ninguém mente em outrem
E eu sei bem o que fiz e a quem
Dois dias atrás dentro de alguém
A comida já nem me sabe bem
A mente a cem, não, na verdade nem penso sem
dar um trago no cigarro como um monte de ninguém
E sou ninguém e tudo me aflige preciso de sentido
Já não tenho apelido algo que me cinge de aprender e trabalhar
Sempre a divagar e a viver na tangente, e a mente mente.

 
Autor
MatodoBicho
 
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