Sinto-me reduzida à escala de cinza. Sou feita de poeiras, de emoções movediças, de palpitações ansiosas prematuramente. Tenho o pavio curto, tenho o dom de ser tão doce que enjoa e tão amarga que dói. Mas cá dentro, no meio de toda esta confusão esconde-se o amor que te tenho. Sim, aquele grito preso no estômago... Aquele nervosinho constante de me sentir numa caixa. Aquela claustrofobia que sinto quando me pedes para te amar só diante os olhos das paredes do nosso lar. A opressão que não é! A infelicidade nos intervalos dos bons momentos. A tristeza de me reduzir a cinzas com tanto talento para pintar e misturar cores.
Às vezes penso até em culpar a minha fisiologia, a minha sociedade, a minha escolha. <<Se calhar deveria ir curar-me para o Brasil>>, penso.
Mas o que é isto? O amor deveria preencher-me.
Acho curioso as pessoas amarem um Deus que nunca viram... Louvarem aos anjos que nem sexo têm (e não se importarem com isso) e quando o amor se apresenta perante elas, pegam o terço... Do que poderiam levar ao peito. E tudo é uma barreira. "ver para crer", dizem eles... Quando parece que cada vez mais se acredita no que nao se vê.
Não fiz nenhum vídeo no YouTube a explicar como nos aceitamos a nós próprios e somos livres nesta prisão perpétua que é a vida, mas deixo aqui a dica para quem me estiver a ler: então...O exercício interior é a chave. A aceitação do trabalho. A observação da palheta de cores. A criatividade para a criação. A firmeza nos membros e por fim a contemplação da obra.
NÃO FAÇAM ISTO EM CASA, façam em todo o lugar.
Voltando-me para ti é como te disse um dia: "um dia tem de ser o dia". Até lá luto por mim Até não ter mais forças. E não digo que vou esperar que mereça ser reconhecida por ti porque não se trata de merecer. Mas resumindo, Tu és tu. Eu não limito o meu amor a quatro paredes nem tão pouco com limites atmosféricos! Quanto mais!
'Dum vita est pO3tica'