fechámos os olhos, apertámos as mãos um do outro e respirámos aquele ar de sol de uma tarde de primavera. sempre foi contagiante o amor que se infiltra no ar nos dias de primavera, agarra-nos os ossos e esmaga-nos contra corações vermelhos enormes que nos aparecem subitamente no pensamento ao lado de uma cara bonita, aquela cara que sabemos que vai aparecer sempre assim, pelo menos enquanto os corações existirem. questiono-me porque é que as outras pessoas são tão vítimas desta altura do ano e, no entanto, também sou uma das outras, sou pessoa, contagiada pelo cheiro aflorado, pelos primeiros dias em que o sol bate mais quente e se podem começar a mostrar os braços e depois as pernas, que o frio já não queima.
é pena que digam, até se faz notícia, “o clima não nos permite, a primavera vai acabar.”
les fleurs mortes.