Poemas : 

Ancorados no tempo

 

Movem-se à mercê de lembranças
sombras impressas no vento.
Não é ausência
Não é angústia
que se embrenham no tempo

É o aceno das cores
O vestígio de cheiros
O salpicado calor no ar.
É a verbalização das vontades
que no mar das horas ainda deságua

Que veste e dá alma
à saudade.

 
Autor
GinaCortes
 
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Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 31/08/2018 21:24  Atualizado: 31/08/2018 21:24
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16148
 Re: Ancorados no tempo
Gosto muito! Obrigado!

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 01/09/2018 11:26  Atualizado: 02/09/2018 22:45
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: Ancorados no tempo
"Ancorados no tempo"

Começas muito bem com o título.
A âncora é tão essencial ao barco como o leme.
E começas aí logo com a primeira inspiração marítima.
A fixação no tempo num ambiente água é passível de divagações.
Mais textil que o ar e menos sólido que a terra. E essencial à vida, a água onde ancoras esse metafísico e afamado tempo.

Onde pára o tempo?
Nas memórias, nas fotos, nos filmes (24 fotos/s), nos poemas, nos romances?
Há memórias que evitamos. Geralmente essas são negativas.

O teu poema é de memórias que procuramos, sujeitas a algum abrilhantamento (numa sucessão de acontecimentos fantásticos desvalorizamos os deslizes), mas que queremos certamente repetir.

Segues embalada pelo vento, essencial a navegar à vela, e tão bom sujeito de metáfora para actividade, mudança, acção, e para mim, poesia.

Na segunda estrofe o sujeito poético vai de encontro a essa ideia.
A maresia dá um sabor à vida fenomenal. Pessoalmente adoro o cheio a mar.

Saudade é isso.
Alma é um conceito que é-me difícil, não sei explicar porquê.
Mas serviu bem o poema.

Obrigado Gina

Bj