Estava linda… radiante, as pessoas elogiavam-na pelo brilho dos seus olhos naquela manhã. Falava em tom de melodia e seus gestos eram como os das dançarinas de fados…
Com tamanha agilidade marcou aquela reunião para finalizar aquele contrato que já tinha sido adiado tantas vezes… amanhã conseguiria demover todas as barreiras. Olhou-se ao espelho, sentiu, que embora cansada ainda não estaria velha para seguir momentos de felicidade…sim, nesta altura da vida os momentos de uma paixão iria trazer o sol que tanto ansiava. Foi dar um corte ao cabelo, tirar um pelo ali… uma pestana acolá…enfim…coisas de mulheres… da cabeça não lhe saia a noite que se avizinhava ao outro dia… tinha de estar impecável para ele, era como se fosse o seu primeiro encontro…
De tarde orientou o dia seguinte do seu emprego e da sua família… estava para marcar a hora e o local do tão desejado encontro… Recebe um telefonema…era da escola, os seus filhos estavam doentes, os dois? Perguntou – como poderia ser se eles à mais de um ano que não ficavam doentes??? Logo hoje??? Deve ser passageiro – pensou – amanhã estão melhores. Foi busca-los, a febre era imensa… correu para casa com a força de uma mãe que apenas vive para eles, só para eles… Por horas esqueceu o amanhã, o sol, o amor…
Quando a noite acalmou… abriu uma garrafa de um vinho produzido pela sua alma, como quem escreve um poema… sentou-se à lareira ao colo de um sofá que a ama… sentiu um esgotar de emoções e a força de uma razão que quase a fez desistir para sempre daquela paixão… chamaram-na do quarto… pediram-lhe para contar uma história… ela, com as lágrimas nos olhos, contou a história de dois poetas que se tinham entregue às palavras de uma paixão e que um dia se tinham encontrado e se tinham amado muito… Tinha voltado a esperança…
23-01-2007
Tália
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