Entra. Fecha a porta.
Não, deixa-a entreaberta
para que a brisa nos espreite e sopre;
será preciso...
Molha-me a boca,
seca-me o ácido dos dias sem ti.
Enlaça-me,
chama à tua a minha pele,
cessa os meus momentos mornos
de invernos impiedosos.
Pára. Não desabotoes a seda que me cobre o peito,
rasga-a em tiras desalinhadas,
quero-me como farrapo em teu corpo.
Abraça-me, suga-me, ferve-me,
salga-me o corpo no teu transpirar.
Arrasta-te à parede e volta-te para ela,
quero partir contigo as fronteiras do desejo…
Levanta os braços, abre as mãos em palmas
e mancha de água a parede envergonhada.
Seguro-te e arrepias, solto-te os seios acesos,
pego-te os pulsos e sinto o sangue a arder!
Rasgo-te, como rasgado estou de mim.
Afasto-te as coxas, vergo-te e beijo-te a nuca...
Sinto os pés no chão vertidos.
Vou para ti desnorteado, endoidecido
e não quero saber, sequer
se a porta se abriu completamente,
ou se fechou.