Ouves a chave a entrar na ranhura da porta.
Pegas na garrafa de vinho e enches o copo. Levantas a cabeça e à entrada da porta da sala de cor madeira velha com pequenas vidraças, encontras um sorriso maravilhoso, mas a tua cara fechada e sem brilho faz com que o sorriso de Filipa desvaneça gradualmente.
Dás mais um trago, o copo mantem os vestígios de batom vermelho, fintas os olhos da tua amada.
Filipa dirige-se calmamente em tua direção e pousa o seu capacete rosa no chão.
– Carolina, peço imensa desculpa pelo atraso – ditou numa voz trémula – O meu irmão pediu-me que o ajudasse num trabalho da universidade – pegou na tua mão e beijou-a suavemente.
Filipa sabia exatamente os teus pontos fracos. Mas desta vez não conseguiria dar a volta à situação, tinha que se esforçar o triplo ou quiçá quíntuplo para me ter de volta.
– Sabes Filipa... – começaste por dizer e respiraste bem fundo – Uma relação de amor não se sustenta unilateralmente, é preciso duas pessoas para o alimentar, para o acarinhar. Sinto que estás cada vez mais distante de mim, talvez seja o trabalho, mas irra, é a segunda vez que me falhas.
O olhar de Filipa começara a entristecer, pois sabia que tinhas razão no que acabaras de falar.
– Filipa, vou-te deixar sozinha cá em casa o tempo que necessitares, para que possas pensar na nossas relação – disseste num tom duro – quando chegares à tua conclusão sabes onde me encontrar.
Bruno Miguel Inácio