Poemas : 

Poema & Poesia

 
Perto do morro alto
Tem uma fonte baixa
Que ressoa palavras
Quando beija a rocha.

Os peixes prateados
No líquido cor-de-cobre
Dançam lutas minerais
No segredo que envolve

O revólver e o gatilho
O Rolls Royce do mendigo
A foice dentada e cega
Da alimália que vegeta.

Tem poder na juventude
Que abarca em velhos cais
Que afronta temporais
Tem poder e tem virtude.

Amanhece na caverna
Dos teus olhos duas Luas
Escuras.
Anoitece no vale das espumas
E no v do ventre um segredo
Espera ser descoberto.

Chama acesa em boca
Aberta
Rama seca em terras
Vermelhas
Em casas sem telhas
Adormece o paquiderme.

Lisa e fina a fina pele
Que cobre o corpo
Exposto
Na pelúcia veludosa
E leve de uma rosa
Morosa e breve
Que só desabrocha
Em madrugada
"Desestreladas".

Abra a porta
Da sua casa
Para a palavra
Fazer morada.

Respire o afeto
Do alfabeto
Que te ofereço
E o preço
Do pão
E o vinho
É a minha carne.

Tem poema pelo teto
Poesia pelo chão
Música assada no fogão
E o portão está aberto.

Seja lua ou seja dia
Seja sol ou seja noite
Que seja a língua
O seu açoite
E que seu ventre
Feito de pó
Seja só pó e poesia.


Gyl Ferrys

 
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Gyl
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