Perdidamente me perco em meu cotidiano. Monótono e sem saída. O ócio nos momentos livres é predominante. Então aprecio uma boa caminhada. Melhor ainda acompanhado. Mas a solidão se tornou um verdadeiro incomodo. Como nunca antes, meu corpo, pede por afeto e toque. Estou frio. Frio de verdade. Toque as pontas dos meus dedos e verá. cheire as pontas do meus dedos e sentira o monóxido de carbônio subir pelas narinas. Toque o meu peito e sentira o vazio. Mas tudo bem. Continuo a caminhar sozinho por essas movimentadas. E em uma câmera de gás me transformo. Sufocando toda essa maldita carência que abala as estruturas do meu orgulho. Mas sou forte. Olhe em meus olhos opacos e nada verá. Sou forte. Externamente inabalável. Externamente. Devem existir algumas brechas e essas formigas entram. Como entram nos caranguejos e os devoram por dentro. Mas eu sou forte. Escute o soar dos meus passos pela madrugada. Minhas botinas de bico de aço. Resistentes. Me mantém de pé. Mesmo meus olhos pensando e virando para a escuridão. Sou forte e não tenho medo do escuro. Já me acostumei com a escuridão. Mas fique a vontade para me deixar. Mesmo meu corpo clamando. Uma hora ele entende e aceita a ausência do que ele nunca teve.