Chega ao fim de mais um espetáculo
E o palhaço cansado, neste ínterim,
Vai lentamente para o seu camarim,
Cabisbaixo para aquele receptáculo.
Senta-se defronte a sua penteadeira.
Com um pano ele retira a maquiagem.
Sozinho no cubículo não existe brincadeira.
Inerte, fica contemplando a própria imagem.
Pouco a pouco vai surgindo um homem
Por detrás das tantas e estranhas pinturas.
De Deus é apenas mais uma das criaturas,
Sem ninguém, mais um palhaço sem nome.
Em cima da penteadeira tem um bilhete.
No verso escrito assim: "Leia sem demora."
Tenso, ele rasga o envelope com um estilete.
Apenas uma palavra: "Adeus". O palhaço chora.
Gyl Ferrys