Ao reino
eterno, ao reino dos céus,
como assim o dizem,
esperam-nos
os anjos, a nós, ainda prostitutos
da palavra volátil,
ainda escravos
dos desejos e das vaidades
e orgias fantásticas;
a nós, cães,
lobos e demais vagabundos
que pensamos saber
de tudo.
E conosco
vão nossas mentiras, nossas infâmias,
nossos rabos sujos, nossos segredos
absurdos,
esperando pelo
perdão de um pai, que criamos
só para lhe impor o atendimento
de nossos anseios absurdos,
de nossos pedidos
impossíveis e nossos medos
cinza-escuros!
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)