Já nem me lembro
do que seja um fluxo de sublime
amor à nuvem:
exatamente,
é preciso reconhecer,
agora que estamos realmente
a caminho do fim,
que tentamos cultivar asas,
sem jamais conseguirmos deixar
de sobrevoar abismos
e precipícios,
e que, realmente,
não creio que nossas ausências
nos sejam mais dolorosas
que nossas ácidas
chuvas;
mesmo assim,
amo-te de um estranho e louco amor,
sem que, incautamente,
jamais te tenhas percebido
do essencial:
era-nos necessário não só o amor,
mas também o respeito, a dignidade
e uma duradoura paz
ao onírico leito
para nos anestesiarmos,
de mãos dadas,
das angústias e das dores
do mundo.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)