Ao sabor de uma brisa leve
Sobre aquele calor de verão.
O tempo voava como se descreve
E enchia-me de inspiração.
Deitados, num mar verdejante
De natureza rodeados,
Sobre a toalha aconchegante
Por horas ali ancorados.
As variaçoes aconteciam.
Um, desnudado cintura acima,
Resultado do descrito clima,
De costas que empreteciam.
Outro de pés despidos
A sentir as texturas do solo,
De cabelos compridos,
Usando o sol como consolo.
Ao sabor desta brisa delicada
Entre conversas, risos e calor.
Um mais moreno, outro de pele já encarnada.
Tempo ainda pra uma história de terror.
É quando já tarde se dão conta duma posição de bem-estar,
Que me chega a arrepiar de tão aconchegado,
Um de cabeça encostada ao colo do outro que está sentado,
Param, olham-se e assim se deixam estar.
Sem dúvida uma frente incrivel
Com um olhar imperdivel.
Um par de olhos que diria impossivel
E que me fitavam de forma indescritível
Perdi-me nesse momento
A pensar no desalento
Que seria soltar
Aquele bem estar.
As suas pupilas estavam cerradas
Como dois pontos pequenininhos
No meio de linhas raiadas
Cheias de cores e pontinhos
Por instantes imaginei
A cara que eu fiquei
E com o tempo a passar
Como me estaria a olhar.
Quebrou-se o momento silencioso
Desviou-se o olhar.
Uma pausa num instante precioso
Apenas por perguntar
Que havia de tão curioso
Para tanto observar.
Quebrou o meu analisar minucioso.
Deixaram-se ficar...
Ao sabor daquela leve brisa
Ainda sob um certo calor,
Sem mais memoria precisa,
Foi um momento inspirador