Desperto-me logo pela manhã
E já vou beijando os raios solares
Que derrete o orvalho da hortelã
Que ousa invadir os meus pomares.
E vou me guiando pelo facho de luz
Que vai coando dentre densas folhagens
Que acabo por chegar as areias azuis
De uma praia chamada de Boa Viagem.
E as ondas veem beijar os meus pés
Em dulcíssimos delírios de felicidade
Como se fosse uma maravilhosa mulher
Que mora tão longe da minha cidade!
E o murmurar do mar marulhando conchas
Ondas sonoras que roçam os meus tímpanos
Que sinto muito mais próximo de mim, Milton,
Que cantou lindamente Adão e Eva no Paraíso.
E na caminhada vou vendo atrás minha pegadas
Sendo apagadas pelas águas levadas do oceano
Atlântico que vai banhando as pedras rachadas
E meus pés de moleque que são leves e levados.
E vem um vento, uma brisa de contentamento
Emaranhar os meus castanhos e curtos cabelos
Que sinto, lentamente, arrepiar um a um os pêlos
Dos meus braços, troncos e todos outros membros.
E me perco no tempo criado pela minha fantasia
Que pego da pena e do papel e ouso, eu arrisco
Decantar em linhas, ou versos, alguma poesia
Sem preocupar se alguém vai gostar dos riscos.
Dizia a pessoa daquela Pessoa que tudo vale a pena
Desde que não seja pequena a alma das pessoas.
Outro dizia que era lenha na fogueira, lua na lagoa,
Eu digo que a vida é uma arte muito curta e... Serena.
Gyl Ferrys