"Quando estou de frente parece que estou de lado,
quando estou de lado parece que ninguém me vê"
A vida por um fio,
azeite refinado de gosto a terra.
Desconfio que há um lado que me falha,
m'encerra, sem mágoa, sem ressentimento.
Desvio o ponto de chegada mais um pouco.
Ignoro se avança,
ou fica na margem de sinuoso rio.
Tento impensar nisso.
O compromisso que colho do que planto
é não saber onde
mas quanto.
Seguro no plano inclinado
o horror às descidas:
falta-me o travão.
Então
vejo-me cada vez mais magra de osso
e no fundo do poço a memória me consagra.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
A primeira estrofe foi uma frase dita por alguém, num contexto profissional, que seduziu-me, a frase, isto é.
Anabela era o nome desse alguém...