Peço desculpa por vos estar a chatear com algo meu, mas preciso urgentemente de desabafar com alguém!
Raiva, sim, muita raiva! É um grito de desespero perante uma vida de merda e sem sentido.
Vejo-me a consumir dia após dia, ninguém repara como é horrível sentir um sufoco incontrolável, perante a desigualdade. Demonstro a mim mesmo que não sou capaz de dar o passo seguinte, sinto-me preso nestas correntes invisíveis, mas que ardem nos meus punhos.
Grito e volto a gritar as vezes que forem necessárias, para que tu e o resto do mundo não me olhem com desdém. É triste chegar a um ponto sem regresso, ficas desnorteado, pareço um capitão sem a sua bussola.
Nem um raio de sol entra pela a frecha da janela, aqui dentro só cheira a mofo e a morte. Lá fora o silencio está de cortar à faca.
A garrafa está vazia, nem uma pinga de vinho para adoçar esta boca miserável, resta-me um único cigarro no bolso da camisa, ponho-o na boca. Sinto no meu rosto a brisa da noite. Pego no isqueiro e acendo a minha “morte”. Também mais morto do que estou é impossível!
Grito uma vez mais, a minha raiva corrói a alma, o espírito perdido, o ser desarmado.
O que posso eu fazer perante uma vida de merda, não há felicidade em mim…
Bruno Miguel Inácio