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VEREDAS PROSÁICAS!

 
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Nossos caminhos não cruzam por serem muito diferentes, enquanto sigo às estrelas, tu?... Acompanhas o tridente! Piso em espinhos sofro estertores, sou carente de mimos vivo com poucos amores. tu pisas em rosa, dores? Tu não tens, carinhos te sobram, amores?...Também!
Minha vida é vida! A tua é prazer! A dor me anima, a ti... Faz sofrer! Os prazeres terrenos, acalanto de infelizes, são cantos de meretrizes que te fazem... Acenos! Debater no vácuo de insanas mentiras e etéreas ilusões, contorcer num túnel de ampla negritude e falsas promessas.
Naufragar num mar de vendaval profano e de porto ausente. Esquivar do açoite de látegos infames e punições injustas. Arrastar no lodaçal de restos humanos e de esperanças vãs. Será imprevisível a fé se, no debater do vácuo, o corpo se emoldurar! Será anulado o amor se, contorcendo no túnel, o espírito vir a ceder!
Será ínfima a caridade se, ao naufragar no mar, a alma não vir a flutuar! Será mísera a bondade se, esquivando do acoite, o físico não perdoar! Será fútil a esperança se, ao arrastar no lodaçal, não ter Deus por linimento!
REGENERAÇÃO: Vejo os horizontes sombrios. Escuto o ganir dos famintos. Sinto o desgaste dos cansados... Esqueço a distribuição da sobra! Vejo o desfilar dos injustiçados. Escuto o gemer dos esfarrapados. Sinto o latejar dos infelizes... Esqueço a consolação afetiva! Vejo cataclismo da moral. Escuto o rugir do apocalipse. Sinto o arrepio da morte... Esqueço o perdão a ser doado!
Vejo meu irmão de mão estendida. Escuto os lamentos dos humildes. Sinto a ausência da compaixão... Esqueço o abraço fraternal! Vejo o pânico nos olhares próximos. Escuto as blasfêmias distribuídas. Sinto a amargura dos fracassados... Esqueço o pedido de perdão!
Esqueço minhas mágoas já relatadas. Sinto em outros maiores sofrimentos Escuto minha consciência dormida... Vejo um caminho a ser seguido! Sinto que a verdade está em Deus. Vejo a limpidez dos ensinamentos. Escuto as mensagens do evangelho... Esqueço as misérias do mundo!
Escuto a natureza me aplaudindo. Sinto a docilidade dos Anjos. Esqueço as intempéries do vício: VEJO DEUS EM CADA IRMÃO!
O véu estrelado da noite punha fraldas no horizonte, coberto de nuvens esparsas navegando no éter majestoso. A aragem era suave e tépida, fazendo mimo nas folhagens, enquanto a juriti num galho, trilava enunciando a aurora. Estrias matizadas vagavam vindas do contorno das serras, avisando a chegada pungente do astro/rei... Senhor do dia!
O sol singra... Resplandecente! O cume secular da montanha, doirando o penedo agreste em raios de inúmeras cores. A vegetação, mui verdejante, é testemunha, beneficiada, daquele milagre em dádivas que lhe inundam as entranhas.
EU QUERIA... O campo verde, a água abundante, a mata imponente, a mina na jusante. Flor desabrochando á beira do caminho, a humanidade andando ao deleite do carinho!
EU QUERO... A campina verdejante repleta de ninhos, o bosque florindo, e os passarinhos, flores flutuando na correnteza, o homem estático com tanta beleza!
EU ESPERO... A relva macia ao sabor do vento, a floresta altiva sobre riacho lento. Flores... Florindo! No vergel passiva. A humanidade sorrindo com bondade afetiva.
Soluça a brisa na pradaria ao tremular hastes de flores, suave transmissão de amor na esquálida face da tristeza. Transporta da vida o pólen para cada cálice de amargura, igual a uma mãe enternecida embalando filhos ao coração.
Contorna o secular madeiro balançando suas ramagens, e, na fofura do travesseiro, acalenta a “cria” das aves! Faz contornos negaciante ondulando o florido vergel, qual o alento de “mil” anjos vindos do paraíso celeste.
Desenha arranjos nas águas num altar de sacra poesia, em mágico encrespar ameno, na líquida tela da paisagem. Oscula a barrenta encosta na ribanceira das margens, e, sem o mínimo escrúpulo, volta doce para as águas!
A FADA! O espelho das águas reflete o teu olhar, os musgos das margens acalentam o teu pisar. O sereno da madrugada ameniza o teu desfilar, abrindo as cortinas para te deixar entrar! O cenário do riachinho recebe da manhã à luz! Enquanto tu, de mansinho: Ao riacho doma e seduz!
Os seixos no fundo d’água colidem com insistência, querendo fazer pirâmides pra verem a tua inocência. As gavinhas dos cipós desenrolam-se pelo chão, querendo ornar o teu pé com adornos de afeição. A água flui mansamente tilintando na margem, retardando o prosseguir... Domada por tua imagem!
Saltitando na ramagem, pássaros fazem gorjeios, disputando bons lugares sem terem de ti receios. Nas arestas do alcantil, o sol aparece radiante, trazendo maiores luzes àquela cena inebriante! O restinho da madrugada sai do cenário e pesarosa! Recua pra noite findante, deixando-te... Lamentosa!
Curvada sobre as águas fazes vênia à natureza e, essa... Embevecida! Vai refletir a tua BELEZA!

Sebastião Antônio BARACHO.
conanbaracho@uol.com.br

 
Autor
S.A.Baracho
 
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