Quando você contempla o seu mundo, sentado no parapeito da sua janela, você está longe de entender a perplexidade dele. Você passou toda a sua breve existência tomando por verdades todas as impressões que os seus sentidos interpretaram para você. E assim, baseado nesses jogos de suposições, você julga a sua realidade física, o seu cotidiano, suas relações pessoais e em sociedade. Você nem se pega pensando na possibilidade dos seus sentidos físicos estarem te "enganando", e nem nas diferentes interpretações da realidade ao longo da sua história. Você não se coloca no lugar do peixe, que julga que o seu universo é a água, e que quando ele, de repente, se vê fora dela, ele se pega espantado, sem nunca, sequer, cogitar a entender a sua situação.
Durante períodos de toda a sua história, a humanidade atravessou épocas onde a sua realidade foi efetivamente diferente, e os seus livros não conseguiram registrar. Você é o que você pensa, e essa máxima serve também para sociedades, famílias e eras históricas.
De uma forma bastante verdadeira, vocês não vivem vagando nas rodas do tempo. Ele não flui, não há períodos lineares. Vocês vivem, pulsações. Experiências em forma de ondas, que pulsam como um coração. A sua realidade toda, e mesmo a natureza mais íntima de sua realidade, de seus números, de suas funções biológicas e psíquicas, modulam em padrões mais ou menos repetitivos, porque é assim que vocês interpretam a natureza da realidade. A realidade é muito mais do que padrões em ondas, mas será assim que a interpretarão enquanto focados na realidade tridimensional. Digamos que é o jardim de infância da existência.
Agora, você é parte de um "campo de energia" bem maior. Só que, esse você que você conhece e chama de "Eu", é apenas uma parte altamente concentrada e especializada desse campo de energia. Tão perfeita é essa concentração que esse Eu se julga autossuficiente, e nem se lembra que 99 por cento de todas as funções que o mantém vivo vem de um lado totalmente desconhecido e inconsciente dessa sua personalidade, que tanto orgulho tem de ser individual. Cada respiração de seu ser, cada batimento cardíaco, cada trabalho conjunto de todas as células do corpo para exercer determinada finalidade, é dado a vocês, durante todos os dias de suas existências, sem que com isso precisem se preocupar, por partes profundas e sábias de sua psique, e que em seu atual estágio de conhecimento você chama de inconsciente. Mas, nem percebe o quão consciente essa parte sua é, pois é ela quem guarda as memórias mais distantes e singelas de sua jornada aqui, sendo que o seu chamado eu consciente pode muito facilmente se esquecer de um simples acontecimento do dia anterior.
Dessa forma, o ser humano vive cego pelo orgulho de si mesmo. E isso é um dos fatores que, decisivamente, contribuem para o seu atual estágio de experiência. Você se recusa a abrir-se para certas realidades, você teme a dissolução do eu no mar de experiências. E então, você se torna uma fortaleza de muros altos. Mas uma fortaleza não apenas mantem os invasores fora, mas também o impende de sair pra fora e de ter seu progresso. E é isso que precisa entender, quanto à metáfora de amar demais a si mesmo.
O ego não se perde, o ego não morre. Se ele "morrer", outro precisa nascer no lugar dele, porque ninguém "não o é". É preciso se "Ser" alguma coisa. O seu ego atual se expande! Ele infla, aumentando esse campo de energia de que temos tanto falado. Ele começa a compreender que pode ser mais do que, literalmente, um ponto de vista limitado a uma certa ocasião, mas, que pode ser vários pontos de vista de uma ou várias ocasiões, sem com isso perder aquilo de que ele tem mais orgulho, a sua personalidade.
A personalidade não é atributo de uma criatura individual. Uma sociedade, ou um grupo de pessoas podem ter uma personalidade bem definida. Os grupos de células de sua pele tem a personalidade delas, se não tivessem, não seriam sua pele.
De uma forma encantadora e geral, você é uma parte do campo de energia que forma as pessoas de sua família. Olhando um pouco mais além, também das pessoas de sua comunidade, e finalmente, de seu mundo. Vocês, grosso modo, nunca estão separados. A morte, que nada mais é do que uma percepção não focada nas três dimensões, é que é só essa outra curva da onda de que temos falado,uma variação da mesma onda, e a sua dança a sua mudança de direção.
Então, quando um fenômeno se intromete em sua realidade, e você o chama de paranormal, não é que ele se manifesta em sua realidade física, mas ele se manifesta em você, em sua psique. Dirigido de outra parte daquele campo de energia para o lugar em você ocupa nele, pois nada está separado, e isso explica poque as alucinações, em geral, não sejam compartilhadas. Você julga o mundo do parapeito de sua janela como uma realidade objetiva, feita de blocos. E não é esse o caso. O mundo é formado de você, para com os outros, e dos outros, para com você.
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