Foi assim: um medo fazendo caretas
Pra dizer a verdade naquela varanda
E um coração, ainda sem direção, rindo
Dizer o quê? Tudo que era preciso, hoje!
Aquele vento que nos acariciava passou
O coqueiro, onde cantava um pássaro desatinado
Também passou, tomou novos rumos. E meu coração?
Ficou dentro da varanda, que era mais que uma varanda
Era bela, única, romântica, mulher desacompanhada da solidão
Que me cobria homem, com teu jeito silencioso e calmo, único
Era uma declaração de amor parida nessa varanda, que apenas ouvia
Era a verdade que beija, acaricia e morde a boca que lambe e treme
Era um infinito que de tanto olhar-te por inteiro, olhou em mim, em mim
Olhar que marcava um tempo perdido e cobrava por um amanha diferente
Pensamento livre onde a semente da liberdade, que dorme na mesma cama
Que me acalma a alma, vontade que me tira a pele, que me arranca suspiros
Desejos quentes, sem caminhos, que dormem na varanda dos meus sonhos
E abraçam o tempo do pouco tempo quando penso que nem tenho mais tempo
Carinho é ninho simples onde dormem seguros, as marcas e os únicos amores
Varandas são como poços profundos, onde guardamos os puros pensamentos
Foi assim: medo e aprendendo andar, tudo isso é amor! Que segue caminhos
Pra depois voar na minha varanda, dentro de mim, a gente não tinha medos
Amor é telha de barro, que quando quebra, não é pra sempre, vazam gotas
Vão nos molhar estrada inteira. Amores precisam de varandas e gotas inteiras!
Foi assim!
José Veríssimo