A chuva cai mansamente,
suas águas molham os vidros do carro
e lentamente escorrem para o chão.
A chuva cai, em ritmo compassado às vezes acelerado...
Cada pingo que desce logo se desfaz...
Tal qual a ilusão que em nossas vidas chegam e se vão.
Chuva fina caindo na alvorada,
molhando as folhas dos coqueiros e arvores,
lavando os telhados dos quiosques,
amainando a poeira das ruas,
refrescando o inicio do dia,
alimentando as lavouras verdejando,
os campos e as planícies onde cantam os sabiás e cotovias.
A chuva cai...
Pingos e mais pingos cor de prata.
De onde eles vêm?
Da imensidão dos céus,
e cai abençoada por Deus,
enchendo os rios, engrossando córregos e cascatas.
Lá fora, a chuva forte cai.
Abro o vidro de meu carro e estendo os meus braços,
e como faz uma criança deixo os pingos de chuva
caírem na palma das minhas mãos
que se unem num ato reflexo.
Eu bebo a água da chuva como se fosse o remédio
que ameniza o meu nervoso, o arfar do meu peito.
O calçadão que beira a orla fica deserto,
pessoas correm a procura de abrigo fazendo-me voltar a realidade.
As mãos molhadas passo no meu rosto.
E a água da chuva que desce pela minha face
misturam-se com as minhas lágrimas,
tocando os meus lábios
E quando a chuva cessa, nas ruas da cidade
deixa o seu rastro refletida numa poça d'água,
nas folharias molhadas
que se confundem com a luz dos astros.
Desperto da minha nostalgia.
Abro os olhos e
contemplo com alegria
o milagre da vida que se renova
emergindo do cheiro de terra molhada
pela chuva que caiu na madrugada.
Volto a minha realidade,
e percebo que tenho por companhia a minha amada ao meu lado,
dentro do carro enquanto chovia,
tudo não passou de imaginação ou ilusão.
Dura realidade!
Quero voltar para minha ilusão!
Eliezer Lemos