Esparsas são as nossas letras
Cometas que brilham ao nosso Sol
Arrebol de palavras que sonhos tecem
Que acontecem quando sonhamos só.
O pó e a ferrugem viram fuligem
Vertigem de um coração pulsante
Errante caminheiro em dicionários
Revolucionário poeta em busca do belo.
Um castelo de letras ele arquiteta
A meta é um mosaico de azulejos
Lampejos de uma inspiração poética
Ética e moral não passam de vocábulos.
Estábulos e patíbulos, proparoxítonas
Axioma de uma oxítona improvável
Potável e pobres palavras impolutas
Na labuta diária de serem mensagens.
Pastagens, pascigos para os poetas
Atletas das línguas, olímpica disputa
Putas que se vendem ao saber mais
Animais dotados de uma rara sagacidade.
A idade independe do que é erudito
Dito isto, penso no resto, no arremate.
Me mate mas não interrompa meu coito
Afoito por um poema que nunca acabe.
Gyl Ferrys