Poemas : 

Duas andorinhas perdidas …podem construir a sua casa … [torrão a torrão] … no meio de trovões e chuvadas

 
 





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há muito
que começamos uma expedição
ao tutano do nosso âmago
para encontrarmos
pedaços
do nosso coração


bem sabemos
que até hoje
deparamo-nos com um mar de mágoa
e com os faróis dos sonhos
bem longe das pálpebras


mas ainda podemos
reunir os bocados
que naufragam...
e com eles
construir a casa
dos nossos afagos

criar
um chafariz
onde seremos
sede e água

edificar
a alma da gente
com a serena expressão de amar
e com o contentamento
de quem se abraça
e volta a abraçar





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Pizza
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 26/05/2018 06:57  Atualizado: 30/05/2018 12:24
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: Duas andorinhas perdidas …podem construir a sua casa ...
Amor-próprio.
Ao ler todo o poema fico com a sensação eminente que o título foi feito para nos enganar ao falar de duas andorinhas.
Andorinha é uma ave de arribação com o hábito de fluxos migratórios relacionados com as partidas no outono e voltas na primavera.
Simboliza, para mim neste caso, menos do que um começo (a primavera marca o início do ano árabe), o recomeço.
Assim como o teu anterior, o "Içar..." leio o poema com o teor de revolta amarga. Forçada.
Mas tão necessária ao bem-estar emocional e sentimental de todos nós.
É de suma importancia sair do fundo do poço que conduz à morte (seja física, seja apenas emocional como no caso das depressões major).

Ao nível da mensagem acho que é disso que se trata, dos recomeços e a sós, com o amor-próprio a ser, quase sempre a nossa salvação.

Há outros factores que me trouxeram ao comentário:
"... deparamo-nos com um mar de mágoas..."
Os MM transmitem a ondulação do mar. O mar de mágoas é uma boa aliteração. Além de brincares com as m´águas muito bem.

"...e com os faróis dos sonhos
bem longe das pálpebras..."

Que metáfora belíssima para significar que os sonhos vistos são bem diferentes da realidade vista.

"...criar
um chafariz
onde seremos
sede e água..."

Esta estrofe é que levou ao amor-próprio.
Sede o que desejamos e água como a matamos.

triste
extremamente poético
muito verdadeiro

obrigado