LEMBRAS-TE?
No nosso nascer
nasce a virgindade do olhar,
para ver e registar;
O vento que nos sufoca!
O mar que nos espanta!
Natureza que encanta!
Palmadas que nos dão,
mas, também,
beijos e abraços do coração!
Passam dias, semanas e meses,
dão-nos educação!
criam-nos obrigações!
dão-nos religiões e deuses,
e vamos à escola,
e vamos à comunhão,
e vem o namoro e casamento,
e vem o trabalho,
e, num momento,
os filhos e seus sarilhos.
Algumas tempestades de ventos,
altas ondas no mar e preocupação de na vida saber nadar.
O disco rígido do nosso olhar de criança vai ficando cheio!
Com a idade chegam saudades;
da mãe, onde se mamava,
dos colegas,
com quem se brincava,
com quem se trabalhava,
com quem se namorava,
e a ver fotografias,
de lugares visitados
nos quedamos!!
De repente, sim, de repente!
nos damos conta
que só falamos do passado;
da nossa história,
a viver no presente
só da nossa memória!
Não do futuro!
Quando encontramos amigos,
entramos naquela do:
“Lembras-te, ---daquela vez?
E lá vêm lembranças de criança,
lembranças da juventude,
da escola, do trabalho,
das paixões e amores,
Lembranças da virgindade do olhar e da perda de virtudes!! Lembras-te?
Assim se constrói a saudade!
No disco rígido do nosso olhar,
não mais espaço para futuro registar!
Só o passado para lembrar!
Lembras-te?
Lembras-te, daquela vez?
Aquela vez é que foi!!
Lembras-te?
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Autor: Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque (Silvino Figueiredo)
Gondomar-Portugal
Figas