Poemas : 

I

 
Rasguei meu poema de mil versos
Após a releitura de um texto de Dante.
Quebrei meus discos antigos de vinil
Onde prevaleciam Pink Floyd e Belchior.

Retirei o pó dos Clássicos em brochura
Pobre que tinha na minha escrivaninha.
Risquei os muros antigos da Babilônia
Quando estive a caminho de Dakar.

Beijei bocas que beijaram outra bocas
E desfrutei mulheres de outros homens.
Também comi da fruta rosa que me deste
Naquele dia que parece nunca chegar.

Deixei minha digital nos pergaminhos
Antigos descobertos em velhas cavernas
Onde um pterodáctilo morreu por inanição:
Depósito de conchas e de corais coloridos.


Lembrei do crocodilo do Rio Nilo
Que trazia na boca partes de um escriba
Cuja maldição amendrotou um Faraó
E das ervas que usei num ritual funerário.

Trouxe-te erva-cidreira, papoulas da China,
E condimentos vindo de Madagascar.
Das Índias os mais perfumosos incensos
Que queimo entre sibilas da áurea Grécia.

Reverencio aos soltícios um deus pagão.
Quando é cheia a Lua deixo a pele descoberta
Para que o lume da Lua me cubra o corpo
Com a prata banhada de uma atmosfera.

Faço tudo isso é faço mais um tanto.
Desde que refaça as lindas e longas asas
Cuja envergadura é traçada pelas linhas
De um Universo de versos em poesia.





Gyl Ferrys

 
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