Se eu morrer
Quero partir livre para os teus braços
Quero voltar a amar-te da mesma forma que te amei
Se eu morrer
Levem os sorrisos que deixei
E guardem a minha voz, que perdi.
Quando eu morrer,
Vou voltar às ondas do mar
Vou percorrer as dunas em silêncio
E voltar aos tempos em que fomos felizes
Vou construir muralhas bem fortes
E hastear, para que o mundo veja
O nosso eterno amor
E vai ecoar pelo vento
O hino do nosso amor
Ai, quando eu morrer
Serei livre para voltar para ti
Vou poder gritar o medo que perdi
E o desconsolo inquieto que me deixaste
Quando, em estúpido estado, me deixaste.
Quando eu morrer
Serei menos uma estrela no universo
Serei menos um número
Que nesta lei de cálculos a vida se debate
Voltarei às árvores que não subi
Subirei as montanhas que não escalei
Cantarei as músicas que não ouvi
É viverei a vida que não vivi.
Ai, quando eu morrer...
Chorem só a falta que não vos faço
Ergam o vosso descanso pelo meu cansaço
E deixem voltar a alegria de não me ter.
Que as saudades sejam palavras apenas
E que os sonhos se convertam em pó
Como fizeram com os meus, em vida.
E no fim, voltarei para junto de ti
Para que esta aflição de não te ter acabe
Para que livres sejamos na alvorada
Quando eu morrer...
Pedro Carregal