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Carta poema

 
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Carta/poema

Caminhaste tantos anos,
na planície longa
à procura da flor azul...
Encontraste a papoila
vermelha, esfuziante,
mas não a colheste
porque vestia de vermelho
e o vermelho para ti
chamava o conflito...
Encontraste o lírio meigo e roxo,
mas não era o sonho
que tinhas procurado...
Encontraste o malmequer sadio,
mas o malmequer era amarelo
e o teu sonho tinha de ser azul...
Na planície longa
só encontravas rosas,
violetas, narcisos,
ignotas flores...
A busca foi dura e demorada,
mas numa manhã de sol
na planície longa
entre a erva daninha
encontraste a flor
a flor azul
azul e tão azul
que te cegou de luz...
Não foste capaz de a cortar...
Não foste capaz de a guardar...
Deixaste-a ao relento
ao sol
ao vento
à tempestade fria
e ela resistiu...
E tu? Que fizeste tu da
busca interrompida?
Não te deram a flor
e sentes pena? ...
Deixa lá! A flor é a vida
e esta carta tornada
num poema!

Maria Helena Amaro
Março, 2015
https://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2018/05/cartapoema.html
 
Autor
amacsequeira
 
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