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Ah! Os relógios (Mário Quintana)

 
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Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mário Quintana, poeta gaúcho, in: "A cor do invisível"

Arte surrealista por Marcel Caram
 
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AjAraujo
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Enviado por Tópico
Juanito
Publicado: 08/05/2018 14:13  Atualizado: 08/05/2018 14:13
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Usuário desde: 26/12/2016
Localidade: España
Mensagens: 3097
 Re: Ah! Os relógios (Mário Quintana)
Belíssimo soneto do grande poeta Mário Quintana!!

Gostei muito!!

Um abraço!