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O Crime de Botucatu*

 
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O crime de Botucatu

Essa é a história de Chicuta e de Ana Rosa
Ela morena clara, muito simples e formosa
Ele um caipira, matuto e bastante atrasado
Vivia sempre batendo em sua pobre mulher
Sem que ela merecesse um castigo sequer
Com varas de ferrão que se bate no gado

Mas num dia o marido ela resolveu deixar
E partiu para Botucatu, onde iria aí se alojar
Mas quando chegou lá já era de madrugada
E na Fortunata, o resto da noite aí passaria
Uma casa que abria à noite e nunca ao dia
Era uma casa de leniência e tão mal falada

Chicuta ao chegar casa Ana Rosa não achou
Então areou a sua besta e pra cidade tocou
Chegando em Botucatu perguntou sobre ela
Seu moço eu vi que na Fortunata ela entrou
Então ali mesmo duas pessoas ele contratou
Para com algum dinheiro dar fim à vida dela

Um bandido foi a cavalo até lá na Fortunata
Disse a Ana Rosa que sua sorte seria grata
E se ficasse aí o seu marido logo a mataria
Mas na estrada por outro caminho a levou
E logo à frente com outros, o marido avistou
Ali ficou bem claro que morte eminente teria

Derrubaram-na da garupa em cruel judiação
Cortaram-na em pedaços e jogaram no chão
E enquanto isso, passou uma mulher a cavalo
Galopeado bem depressa foi até à delegacia
E contou ao delegado o que na estrada ocorria
A polícia prendeu a todos no mesmo embalo.

Baseado na canção de Adauto Ezequiel, ANA ROSA. (*caso real)

jmd/Maringá, 27.04.18







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João Marino Delize
 
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Enviado por Tópico
Nyna
Publicado: 28/04/2018 15:49  Atualizado: 28/04/2018 16:03
Muito Participativo
Usuário desde: 26/03/2018
Localidade: Sou um Ser do Mundo!
Mensagens: 74
 Re: A morte de Ana Rosa P/João Marino Delize
Senti um profundo sentimento viajando nas belas e saudosas reminiscências do seu Poema lindamente narrado num magnifico texto, simplesmente adorei.

Um Beijo Nyna!

Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 30/04/2018 20:19  Atualizado: 30/04/2018 20:21
Membro de honra
Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1976
 Re: O Crime de Botucatu*
Ana Rosa tem uma história fascinante (história real)

É no Cemitério Portal da Cruzes, de Botucatu, onde está o jazigo mais visitado, da região e talvez do Estado, principalmente na época de Finados: o túmulo de Ana Rosa. Dezenas de ramalhetes de flores são deixadas no jazigo, todos os anos, pois para muitas pessoas, Ana Rosa é milagreira, ou seja, através de orações e promessas, feitas a ela, pode-se conseguir milagres. Seu túmulo é considerado um ponto turístico.

A história de Ana Rosa é bastante interessante. Ela era casada com Francisco de Carvalho Bastos, conhecido pelo apelido de Chicuta, um carreiro (que transportava gado de um lugar para outro) que trazia a mulher “num cortado”, ditado popular na década de 70 do século XIX, que significa poder supremo sobre a companheira.

Temperamental e machista, Chicuta tinha um ciúme doentio pela esposa e começou a tratar mal Ana Rosa, tanto moralmente como fisicamente, transformando a vida daquela mulher num martírio. Cansada de sofrer, ela resolveu fugir de casa, saindo ? cavalo rumo ? Botucatu, SP. Lá Chegando pediu abrigo e ajuda na casa de uma mulher conhecida por Fortunata Jesuína de Melo, proprietária de um cabaré.

Chicuta quando chegou em casa não encontrou Ana Rosa. Como um louco saiu ? procura da esposa e arrumou a vingança. Foi atrás da fugitiva e chegando ? Botucatu contratou José Antonio da Silva Costa, o Costinha, e Hermenegildo Vieira do Prado, o Minigirdo, pra matarem Ana Rosa.

Costinha se fez passar por um bom homem e ofereceu cobertura para Ana Rosa deixar o marido. Mal sabia ela que caminhava para uma cilada mortal. Quando Ana Rosa chegou com Costinha nas proximidades do Rio Lavapés, avistou seu marido e se deu conta da emboscada armada contra ela. A moça pediu a todos os santos para que não a matassem e mesmo assim os assassinos sem piedade consumaram o crime, esquartejando-a. Ana Rosa morreu no dia 21 de junho de 1885, com vinte anos de idade. Era nascida no município de Avaré, SP.
Os criminosos foram presos e condenados. Costinha após cumprir pena saiu e morreu esmagado quando cortava uma árvore. Minigirdo morreu na prisão, vítima de varíola. Chicuta, numa tarde de sexta feira, ia voltando da cidade para a fazenda quando sua carroça puxada por bois parou, de forma misteriosa.
Nervoso, batia nos animais, mas o carro não saía do lugar. Ao se deitar no chão para verificar as rodas do carro, os bois seguiram e as rodas separaram sua cabeça do corpo. Para muito foi a vingança de Ana Rosa. A história de Ana Rosa é relatada na música “Ana Rosa” de Carreirinho e gravada em 1957 pela dupla Tião Carreiro e Pardinho.