Hoje continuei a ver o dia cinzento.
Lá fora continuava a chover
E o frio fazia gelar cada gota de chuva
Que caía desamparadamente no chão
O vento…
Bem, o vento abanava tudo por onde passava,
E levava o que de frágil encontrava.
Levava pelo ar, para longe…
Para bem longe…
Tão longe que seria impossível voltar.
Mas a dor…
Bem, a dor que me consome não conseguiu levar
Passou por ela e como que não a vendo
Ignorou-a…
Deixou-a ficar no sítio onde não faz falta
Onde não é desejada
Muito menos acarinhada.
Ela continua a me abraçar
E a me levar pelo sabor da amargura,
Tirando-me o paladar desta vida...
Que sempre passa por mim e me estende o braço
Para a acompanhar, para com ela lutar…
Mas…
A prisão é sufocante,
Impede-me de tentar,
De me libertar do sofrimento,
Que lentamente se torna desesperante.
O meu dia tornou-se cinzento,
Sombrio e sem uma luz capaz de iluminar
A escuridão que cobriu o alcance da minha visão,
O brilho do meu olhar e que amedrontou a cor do meu coração.
Hoje calmante observo a chuva a cair
E o vento a mudar toda a paisagem,
Dando-lhe uma nova cara, uma nova vida.
E eu…
Eu continuo calmamente a pedir
Que o vento repare em mim,
Que sopre com toda a sua força
E que faça este sentimento de mim se distanciar…
Para bem longe...
Tão longe, que seja impossível voltar.
Escrito por: João Filipe Ferreira (Direitos Reservados)
Textos Registados no IGAC com processo nº 2067/2008
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