Meu rosto incendiou
logo a seguir ao seu olhar
que se deteve, abaixo dos meus olhos.
Permaneceu nos meus lábios
por largos minutos.
As suas pupilas ficaram tão contraídas
que até estremeci
como se o chão tivesse cedido.
E eu, sem jeito e sem palavras
arranjei uma nova tonalidade
nas maçãs do meu rosto.
Desviei o meu olhar para o sol
um truque utilizado para disfarçar
o rosto incendiado.
Era do calor!!
Só podia ser do calor!
E senti-me a esvoaçar
inebriada por um sentimento
secreto e avassalador.
Os meus suspiros
dançaram vadios no ar,
libertinos e felizes.
Respirei fundo,
erguendo um pouco os ombros
para engolir mais ar.
Meu corpo inteiro ficou estranhamente
mais solto, mais novo, mais cheio de vida.
Espreitei para dentro de mim
como se fosse por trás do real,
como se seguisse uma luz,
mas era eu, afinal.
Desviei de novo o olhar
agora em direcção a ele,
sem interferências.
Ali permanecia, como um falcão atento à presa.
E eu, admirada com a sua capacidade de "ataque"
ofuscada com o seu olhar,
disse um:
-"Olá!"
...demorado
que permaneceu suspenso no ar...
indo de encontro ao seu:
-"Olá!".
União quase instantânea
de dois "olás" dançantes
baloiçando livremente e em câmara lenta.
E se ele descobrisse
o que sentia!?
Podia ser o fim de uma parte
de um espaço vazio...
...e o começo de outra,
para se tornar inteira.
Luka
Re: E se ele descobrisse...
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