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Abril-Caminhada de 44 anos

 
Eles gritavam viva a liberdade
numa certa noite daquele Abril,
parecia um sonho, mas era real
as ruas enchiam-se de gente febril

Morria naquela noite, a ditadura,
os tanques militares eram imensos,
as tropas do coração, faziam armadura
e da alma soltavam sorrisos intensos

Abaixo a tirania, morte ao fascismo,
gritos da turba ecoavam pelas ruas,
esquecendo os anos de ostracismo
de 40 anos de almas tristes e nuas

A alegria foi de tão pouca dura, afinal,
outro fascismo entrava audaz pela porta,
a esquerda tencionava a bem ou a mal
tornar Abril em coisa nascida morta

O povo estava saturado de ditadores
não queria voltar ao passado novamente,
então, em Novembro, mudaram as cores
e a liberdade permaneceu livremente

44 anos são passados desde então,
muito mudou, positiva e negativamente,
vieram até momentos de faltar o pão,
povo temia, a ditadura já está presente

Assim temos caminhado por esta liberdade
que em Abril tantos gritaram entusiasmados,
até se pensava ser mentira, mas é verdade
continuamos pobres, somos uns desgraçados

Claro que os desgraçados são sempre o povo,
aconteceu até, tantos políticos enriquecerem,
só esperamos não voltar à ditadura de novo
se deixarem o SNS e os salários emagrecerem

Não pensem em proveito próprio, mas sim no país
políticos, governantes, banqueiros e outros que tais,
sejam patriotas, humanos, baixem vosso altivo nariz,
os partidos políticos parecem claques, em lutas rivais

No mesmo trabalho, homem e mulher, salário igual,
que na Justiça e nos direitos não haja desigualdade,
honrado seja sempre o nome histórico de Portugal
grato aos militares, que em Abril fizeram Liberdade

Viva o Abril de 1974, que a chama jamais se apague
para que a abnegação de tantos, não seja deturpada,
que o jardim de cravos da liberdade não se estrague
continuando a florir Portugal, a nossa Pátria amada

José Carlos Moutinho
Abril/2018


 
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zemoutinho
 
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