O amor se desgasta,
Nas palavras;
Falta de palavras
E acaba no rio.
O amor não acontece!
O amor se queima,
No calor,
Quando falta calor
E treme de frio.
O amor se emudece!
O amor é medo de rimas.
O amor é poeta,
Se escreve com lápis,
E nem sabe se ler.
O amor se escurece!
O amor é meio fandango,
Mistura de samba com tango.
O amor é todos os ritmos.
Molha quem dorme no leito alagado
E seca de amor quem vive afogado.
O amor é luz que ascende no escuro;
É caminho que te guia pra lugar seguro,
É copo quebrado, cheio de amor nas tuas mãos.
São amores que se aceitam, mesmo faltando pedaços;
São almas que se abraçam, com pedaços dos laços,
Que as montanhas formam dentro de nossas almas,
Que nas palavras mais calmas, gritam em silêncio!
O amor é a pessoa mais linda; livro mais lido; água bebida.
O amor é quem te acha mesmo no deserto,
Sem um ponto certo, num momento que te alerto!
O amor é te abraçar, ter a paciência da gestante,
Que nem por um instante, nunca apressou o tempo.
O amor é a força mais rara, os momentos incertos;
O amor é a dor mais leve, que levo na alma!
O amor é o vento que rasgou o vale, machucou a montanha e criou o leito do riacho.
O amor é um Ninico, uma fonte, uma praça, um coreto e um anjo no altar!
Um amor no ar!
Pra te segurar pelo menos um segundo
O amor é de graça, às vezes sem graça! É amor.
O amor é pra te amar; pra si amar o amor!
O amor é liberdade! Choro quando ela não dorme comigo!
Ah! Esse amor!!!
O amor é ouvir a voz da alma quando teu corpo dorme,
Teu é amor enorme!
O amor atira na minha alma, mas não acerta meu povo,
E digo de novo: eu amo meu povo!
José Veríssimo