É inegável. Desde o momento no qual fiquei só,
pouco sou capaz de ouvir.
Se empresto certa dureza imposta pela vida,
sei de mim apenas o necessário: o sentir.
Se quase toda parte de mim sabe deste sentir,
partido por inteiro estou. Sobrevivo.
Sobreviver? Não raro, questiono o motivo.
Nenhum verso tem a estrutura merecida,
Mas nem eu ou os versos têm para onde voltar.
Às vezes eles comigo, outros eu diluído neles.
Quando ela foi, perdi tudo. Não sei o caminho.
Por dias empunhei o violão.
Acordes, notas, tentativas de arranjos.
Como eu, sem afinação…não consigo.
Já não consigo ouvir o próprio instrumento ou voz,
Não há qualquer conforto ou esperança.
O saque do sentir sobre sentidos.
Vejo mas não ouço,
Respiro, suspiro, transpiro.
Parece anestesia, não posso mais.