Hoje o vento abana o tédio,
Parte aromas de cristal
Como é belo e me deslumbra o mistério,
E põe o sonho no pedestal.
Ouve-se a voz do vento
Que parece versejar,
Faz-me escorregar no silêncio
E me pede para o admirar.
Em redor rareiam flores,
Abstraída no infinito, olhar é distracção,
Dedico-me a catalogar brilhos e cores
Pois poetar é pura pretensão.
Escrevo porque o vento pediu
Passou a ser promessa ou compromisso
Mais que um acordo…persuadiu.
Ficam então as palavras sem sentido,
Num papel em branco (com)ponho-as desajeitadas,
Soltas …perdidas, sem cor, tombadas.
Palavras que ficam ancoradas no tempo
De mão dadas com paisagens de silêncio
Suplicando por letras e silabas organizadas
…Sonhando com pontes sem rios…
E por fim decifro o versejar do vento.
Descreve-nos o cenário,
Fala-nos de estrelas lascadas
Caídas no portão da madrugada
Onde tarda o amanhecer
…Onde tardam marés…
De uma lua magoada.
Queixa-se de ter perdido o aroma do rumor
E as estrelas o esplendor.
Segreda como estilhaçou o medo
Absorveu vontades
Valorizou evidências
Aceitou diferenças…
E seguiu em frente.
Mónica